Homem e natureza em sintonia
Texto: Vanessa Moura
Adepto da arquitetura orgânica – construção inspirada nos princípios da natureza – o arquiteto mexicano Javier Senosiain criou um projeto surpreendente, adaptado às necessidades ambientais, físicas e psicológicas dos moradores. Construída em Naucalpan, município do estado do México, a casa – de 160 m² – priorizou curvas em detrimento a quinas e linhas retas, com um propósito mais do que coerente: conferir mais aconchego aos habitantes. “Este lar foi projetado com o desejo de sentir. Ao entrar nos espaços subterrâneos, descobre-se, aos poucos, cada ambiente, sem perder a integração do interior com a paisagem natural”, explica Senosiain. Os cômodos são amplos, arejados e com bastante acesso à luz natural. Aqui, natureza e construção fazem parte da mesma essência.
Tapete verde
O processo de cobertura da casa contou com um extenso A ideia era buscar um espaço que remetesse ao útero materno, onde os moradores pudessem se sentir acolhidosJavier Senosiain telhado verde. Para conceber essa paisagem e, ao mesmo tempo, minimizar os custos e os esforços com a jardinagem, foi necessário utilizar um solo com cerca de 20 centímetros de espessura, para que as plantas demorassem mais a crescer. Um pouco desse solo foi removido e utilizado posteriormente, para formar pequenas inclinações no terreno. O resultado: uma duna verde – constituída por árvores e arbustos –, que mais parecia um parque de skate. Além da função estética, a vegetação foi implantada com a inteção de filtrar os raios solares, criar sombras e evitar o calor excessivo do verão. É esse tapete verde que mantém a temperatura da casa estável durante o ano todo. Apesar da mudança climática, a temperatura no interior se mantém entre 18° e 23°C.
Buracos no teto – feitos de concreto – permitem a entrada de luz natural. Em conjunto com a vegetação circundante, refrescam o interior, evitando calor excessivo e infiltrações. Imagens: Jaime Jacott e Francisco Lubbert
Materiais e luminosidade
Com dois espaços ovais interligados por uma passagem subterrânea, a residência foi projetada com uma técnica que teve origem no concreto armado – ferrocimento, barra de ferro revestida de cimento. Ele é mais resistente contra as intempéries climáticas e, ao mesmo tempo, flexível como a argila, o que possibilitou apostar em formas mais livres. Ao contrário do que se imagina, essa casa abriga mais luz do que uma residência convencional, porque os grandes painéis envidraçados e as cúpulas (buracos que permitem a entrada de luminosidade natural) facilitam a ventilação pela forma aerodinâmica da habitação, que possibilita a livre circulação do ar por toda parte.
Arquitetura fluida
Os ambientes sociais prezam pela integração, a fim de valorizar o convívio entre a família e os convidados. A base, o piso, o teto e as paredes funcionam como um verdadeiro casulo de concreto. Assim como o exterior, os espaços internos também privilegiam as formas orgânicas. Sem exageros, a decoração clean conta apenas com alguns móveis de apoio – a maior parte feita de fibras e madeira.