Monocromático que impressiona
Texto: Naíza Ximenes
Com uma carreira consolidada e anos de atuação no Brasil, o arquiteto Sidney Quintela expandiu sua influência para além das fronteiras nacionais ao direcionar sua expertise para Lisboa, em Portugal. O renomado arquiteto não apenas projetou, mas concretizou a primeira filial do Escritório Sidney Quintela fora do Brasil, conectando a capital lusitana à cidade de Salvador, onde fica a sede.
Apesar da dualidade de atuação, os projetos da equipe de arquitetos continuam a refletir uma assinatura única, incorporando elementos locais e desafiando as fronteiras geográficas nas criações. No projeto da filial lusitana, não seria diferente.
Isso porque o escritório fica em um edifício que passou por uma profunda requalificação para ser frequentado. O intuito era assegurar não apenas o conforto térmico e acústico, mas também a criação de condições ideais para o pleno desempenho das atividades de um ateliê de arquitetura. A proposta era criar um ambiente confortável tanto para os colaboradores, quanto para os clientes — e tudo através da integração.
Conexão interpessoal
Quintela utilizou de uma arquitetura contemporânea com toques de modernidade para projetar a filial. Linhas retas, amplos vãos e uma fusão harmoniosa entre os ambientes interno e externo caracterizam a estrutura do local. As divisórias de vidro foram as responsáveis pela grande quantidade de iluminação natural e pela amplitude.
Corredor principal do Escritório Sidney Quintela em Lisboa
Na seleção de materiais, a opção por elementos naturais, como o mármore, e uma paleta de cores neutras e sóbrias, destaca as obras de arte e o mobiliário. A fachada norte, que serve como acesso ao escritório, é marcada pela presença de painéis de aço corten e um grande jardim vertical — que, além de adicionar um toque de natureza ao projeto, representa uma gentileza urbana com o entorno.
Uma vez dentro do escritório, alguns itens clássicos marcam a decoração da recepção, em contraposição à modernidade da arquitetura — a exemplo do sofá capitonê e da grande escultura em bronze. O espaço também é descrito como um local de descontração, já que abriga amenidades como uma mesa de sinuca.
Discretamente, panos de vidro formam os limites entre os ambientes privativos e o corredor central, à frente da recepção. O mobiliário branco e preto, nas áreas internas, abriga as estações de trabalho dos colaboradores.
O projeto luminotécnico foi cuidadosamente concebido para proporcionar uma atmosfera diferente a cada uso. Luminárias com luz quente e focalizada criam um conforto visual que não apenas ilumina de maneira eficiente, como também destaca elementos específicos do projeto.
Nas áreas de circulação, a luz é distribuída de forma a garantir segurança, enquanto nas áreas de trabalho, a iluminação é mais homogênea e intensa, adaptando-se às necessidades específicas de cada função desempenhada no espaço.
O tratamento acústico, por sua vez, é integrado ao design visual, utilizando nuvens acústicas que desempenham um papel funcional na absorção de som, além de tornarem elementos estéticos que preservam a amplitude do ambiente. Essa abordagem contribui para um local de trabalho mais tranquilo e propício à concentração.
No fim do corredor central, onde encontra-se mais uma obra de arte, ficam as salas de atendimento do escritório. Com portas-balcão de vidro que se abrem para o Rio Tejo, na fachada sul do projeto, o design permanece sóbrio e refinado, evitando a disputa com o visual estonteante da natureza afora.
No lavabo, o mármore predomina em todo o cenário ao revestir paredes, chão e pia.
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