Texto: Naíza Ximenes
Fruto da colaboração entre os escritórios Solo Arquitetos e Priscilla Muller Studio, a Pousada Maria Flor é um hotel boutique com apenas 12 quartos, situado na paradisíaca ilha de Fernando de Noronha.
Como os proprietários já tinham um outro empreendimento na ilha, eles conheciam bem o programa de necessidades hoteleiro. Assim, quando conseguiram um terreno completamente diferente do anterior — mais centralizado e marcado por um aclive acentuado —, não pensaram duas vezes em investir em uma acomodação mais voltada à experiência turística.
No primeiro momento, a ideia era criar uma pousada que estivesse imersa naquele contexto da ilha. Que pudesse ter passeios e oferecesse uma experiência em que a pessoa de fato entendesse que estava em Fernando de Noronha. Esse foi o ponto principal do projeto, a premissa de tudoFranco Faust, sócio-arquiteto do escritório Solo Arquitetos
De acordo com Franco Faust, sócio-arquiteto do escritório Solo Arquitetos, o programa de necessidades era relativamente enxuto. Além dos 12 quartos, o projeto deveria ter área de lazer com piscina, bar, restaurante, recepção, área de serviço para o staff e áreas comuns entre as acomodações. Com a evolução das obras, os arquitetos ainda viram a possibilidade de adicionar um mirante à construção.
Com o intuito de criar um espaço para se fundir com o entorno, respeitando tanto a paisagem quanto as rigorosas diretrizes ambientais da ilha, a pousada foi projetada como uma "esponja do mar", absorvendo e integrando-se ao contexto ao seu redor, além de oferecer aos hóspedes uma experiência imersiva em uma das ilhas mais belas do mundo.
O processo de edificação, todavia, não foi tão simples. Os arquitetos tiveram que apostar na construção modular para o projeto, que ganhou estrutura quase totalmente metálica, permitindo uma montagem rápida e de baixo impacto ambiental. Foram cerca de 70 toneladas de aço, essenciais para alcançar a robustez e a delicadeza da pousada.
Além disso, para garantir que a pousada se integrasse visualmente ao terreno, todas as áreas que tocam o solo foram revestidas com pedra, proporcionando uma base sólida e natural.
O terreno escolhido era esguio e comprido, com cerca de 90 metros de comprimento e 10 metros de largura. Sua topografia determinou o assentamento da obra em três blocos/níveis, conectados por uma passarela que percorre toda a edificação. Já o aclive no fundo do lote foi o responsável pela garantia das vistas panorâmicas, permitindo que os três blocos principais da pousada se acomodassem de forma orgânica ao relevo.
“A legislação da ilha não permite construções com mais de dois pavimentos. Então, no meio de todo esse processo, o terreno foi muito importante na hora da aprovação. Isso porque nós pegamos a cota média dele e a utilizamos como justificativa para colocar os blocos”, explica Faust. “Olhando em corte, parece que a pousada tem três pavimentos, mas, na verdade, é um bloco com dois pavimentos e o último sozinho, onde fica a piscina”, comenta.
Uma vez na Pousada Maria Flor, os visitantes são recebidos por uma recepção revestida de pedra, situada no primeiro bloco da obra. Este espaço funciona como uma transição para o pátio central, um ambiente pensado para confraternização e relaxamento, onde o paisagismo desempenha um papel crucial.
Os quartos, no segundo bloco, são acessados por uma passarela que conecta os ambientes. Apesar de compactos, eles oferecem vistas impressionantes para o Forte dos Remédios e para o Morro do Pico, marcos icônicos da ilha.
A piscina, situada no terceiro bloco, é revestida com uma pedra semipreciosa de Pernambuco, com um tom verde que complementa a vegetação ao redor. A partir da piscina, é possível contemplar tanto a vegetação nativa quanto o mar, oferecendo uma experiência única de imersão na paisagem de Fernando de Noronha.
A materialidade da pousada foi cuidadosamente escolhida para criar uma transição suave entre a solidez das pedras e a leveza da estrutura metálica, revestida de madeira. Os brises de madeira modificada, que revestem a parte superior da construção, não apenas protegem contra as intempéries, mas também criam um jogo de luz e sombra ao longo do dia, reforçando a conexão com o ambiente natural.
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