Uma paineira de quase 15 metros de altura serviu como premissa para a distribuição de todo o programa da Casa Paineira, projeto arquitetônico desenvolvido pelo escritório BLOCO Arquitetos, que ainda se destaca por adotar soluções intrigantes, como as pequenas aberturas em torno do volume e o jogo de pés-direitos, insinuando diversas cenas para o jardim.
A casa está localizada na região sul de Brasília (DF), dentro de um condomínio cujas normas proibiam a construção de muros, mas permitam que as residências cobertas de até dois andares – aproximadamente 8,5 metros de altura – fossem feitas nos mesmos limites onde o muramento era vetado.
Assim, os arquitetos Matheus Seco, Henrique Coutinho e Daniel Mangabeira optaram por erguer paredes de apenas 2,20 metros de altura que, na verdade, funcionam como delimitadores de jardins internos descobertos e não como uma cerca. “Não as interpretamos como muros ou como limites de ambientes cobertos, pelo contrário. São ‘painéis decorativos’ cujas superfícies projetam as sombras da grande paineira presente no terreno”, define Seco.
A partir da árvore, criou-se um eixo leste-oeste paralelo à rua que definiu a circulação principal da Casa Paineira. Dessa forma, o programa de 390 m² segue dividido em dois blocos interligados por um eixo norte-sul, que compreende o bloco social e de serviços de um lado e o bloco das áreas íntimas do outro.
Segundo Matheus Seco, essas áreas possuem dimensões similares e regulares em planta, porém, com uma sequência de pés-direitos alternados que revelam, pouco a pouco, os usos de cada ambiente, como o ponto mais alto da edificação onde encontra-se uma pequena sala, cuja janela indica um local para apreciação do jardim.
Como o lote ao redor era desprovido de belas paisagens, os arquitetos decidiram priorizar os elementos da própria residência, considerando sua vegetação interna, a corpulenta paineira e outras árvores de cerrado também preservadas. “Por isso, alocamos os volumes mais altos para o centro do imóvel; mais distantes da rua e da calçada, porém, próximos ao jardim”, explica Seco.
Um dos detalhes da Casa Paineira são as aberturas de vidro, distribuídas em pontos estratégicos nos mais diferenciados formatos e tamanhos, com o objetivo de controlar a vista interna para a árvore. “Procuramos mediar a relação entre interior e exterior por meio desses vazios, que revelam partes da paisagem ao longo do percurso”, conta o profissional.
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