Quando os proprietários da futura Residência Marubá escolheram o Padovani Arquitetos para desenhar o projeto arquitetônico da casa, já tinham adquirido um terreno em um condomínio em Campinas, no interior de São Paulo. Apesar da bela vista que proporcionava, a área era disforme, o que ia de encontro com uma casa com o mínimo de desníveis internos que eles queriam.
Os arquitetos decidiram, então, posicionar o plano sobre a parte mais alta do terreno. Para uniformizar o resto do espaço e criar um platô, foi necessário recorrer à terraplanagem. “Durante esse processo, apareceram grandes pedras, que foram utilizadas na estrutura do muro de arrimo, localizado no fundo do terreno”, comentou Lucas Padovani, arquiteto e sócio do escritório responsável pela obra. O muro ganhou um aspecto orgânico ao se fundir à paisagem existente ao redor da casa.
Engenheiro, um dos moradores queria que a residência tivesse elementos metálicos. Por isso, o programa foi criado a partir de uma estrutura mista: enquanto o primeiro piso é um grande compilado de alvenaria convencional e concreto armado, o segundo é construído com estrutura metálica, pilares e vigas aparentes. Segundo Padovani, a escolha proporcionou benefícios à obra, como agilidade no processo construtivo (o bloco superior foi montado em três semanas).
“Elas também possuem um potencial interessante para vencer vãos maiores. Assim, é possível criar balanços maiores com uma estrutura reduzida, mais econômica e limpa”, explica o arquiteto. Isso é nítido no desenho do andar superior, pois ao olhar para a fachada da casa, o volume da estrutura metálica está “pairando” no ar, devido ao recuo de 7 metros para a lateral direita. “Esse volume é projetado para frente e dá origem à garagem”, diz. No fundo, ele está 3 metros acuado e dá continuidade à varanda integrada à piscina.
As estruturas metálicas também possuem um potencial interessante para vencer vãos maiores. Assim, é possível criar balanços maiores com uma estrutura reduzida, mais econômica e limpa Lucas PadovaniOs componentes metálicos são conhecidos por minimizar a obra e a quantidade de entulhos gerados. Além disso, é inquestionável o efeito estético que o material oferece, por isso ele foi mantido aparente, somente com pintura marrom.
Outro pedido dos proprietários foi que o programa fosse tradicional, com as áreas sociais – sala de estar, sala de jantar, sala de TV e cozinha – no térreo, e a parte íntima no piso superior. “Eles pediram que todos os cômodos da área social fossem integrados, então, as salas de estar e jantar e a cozinha foram unidas praticamente no mesmo ambiente”, conta Padovani. “Já a sala de TV, o home teather, o escritório e o quarto de hóspedes ficam na lateral esquerda”, completa.
No térreo, fica um anexo onde é guardada a coleção de motos do morador. “Ele queria manter as motos em uma área que não fosse totalmente isolada, para poder vê-las quando estivesse do lado de dentro. Por isso, criamos um grande pano de vidro para abrigá-las”. Esse espaço fica perto da garagem e próximo à entrada social da casa. O piso desse pavimento é um assoalho frio de porcelanato e revestido com ripas de concreto aparente. Na área externa, cada ambiente possui um tipo de piso: fulge na área da piscina, madeira no deck, e paralelepípedos na garagem.
Já o primeiro andar – com três suítes comuns e uma master – é todo de estrutura metálica aparente e ripas de alumínio com acabamento amadeirado. O chão é de madeira, para manter a privacidade. Pode-se dizer que o ponto alto desse pavimento é a laje, que pode ser acessada pelos quartos ou por uma escada externa lateral. Os arquitetos a transformaram em um mirante com vista para a cidade.
Além de vencer os desníveis do terreno, o desenho e a localização da residência favoreceram a entrada de luz solar. “Na intersecção dos volumes (do pavimento superior com o térreo), o pé-direito duplo recebe iluminação que vem de cima”, comenta Padovani. Essa luz cai direto sobre a escada de estrutura metálica e degraus de madeira cumaru, que liga os dois andares. “Ao subir a escada, chega-se ao corredor dos quartos, onde há uma abertura de vidro com ripas de madeira que recebe luz filtrada do sol e cria um efeito de sombra no decorrer do dia”, destaca o arquiteto. Nos quartos, optou-se por esquadrias no formato de caixilharia metálica com espaçamento de 0,5 centímetros, que permitem que os vidros internos sejam abertos enquanto os brises externos permanecem fechados. Assim, os ambientes recebem ventilação e iluminação, mas a intimidade é preservada.
No térreo, os caixilhos de alumínio foram posicionados paralelamente e se abrem completamente para uma ventilação cruzada e contínua. Essa disposição faz com que o ar quente suba e se renove constantemente.
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