O Edifício Comercial Brasília, primeiro projeto arquitetônico de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz na capital federal, demonstra total sintonia com a referência modernista da cidade. O prédio é formado por um bloco monolítico formal, além de generosos espaços compartilhados.
No programa enxuto há restaurante, galeria de exposições e salas comerciais, com acesso a partir de corredores que são, na verdade, terraços sinuosos, abertos e debruçados sobre o átrio.
A função desses terraços é criar aberturas visuais e dar vida para a construção. “Ao percorrê-los, impossível não se lembrar do Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, em São Paulo. Aqui, o edifício mostra-se integrado e harmonizado com a cidade de Brasília”, reflete Fanucci, que, assim como Ferraz, é do escritório paulista Brasil Arquitetura.
O projeto do Edifício Comercial Brasília soube reunir e integrar-se aos aspectos fundamentais do entorno, como a vizinhança privilegiada e as belas paisagens existentes no bairro. Os arquitetos usaram a área máxima edificável ao adaptar cotas, recuos e materiais que suavizam a inserção do prédio no local.
O resultado é a existência de uma área circundante cujo planejamento direciona o fluxo de pedestres aos acessos. Pelas laterais transversais é possível cruzar o terreno. No menor lado da edificação, uma praça suspensa sinaliza discretamente para o acesso principal. A mesma praça conduz ao térreo, localizado na cota mais alta do terreno em aclive.
Na entrada do Edifício Comercial Brasília, o átrio tem um impressionante pé-direito que atravessa os cinco andares do edifício, como se fosse um rasgo central. A base envidraçada é uma continuidade da rua e abriga lojas em meio a um jardim.
Revestida por painéis contínuos de lâminas de madeira nas duas faces principais, a caixa de formato ortogonal também foi projetada para controlar a luminosidade e o sol. Os brises-soleils funcionam como uma cortina protetora ao recobrir as fachadas. Para compor os painéis, foram usadas lâminas de pinus tratado, fixadas com parafusos na estrutura metálica.
Marcelo Ferraz explica que trata-se de uma referência à tradição das treliças coloniais e ao uso na arquitetura moderna, notado especialmente nos trabalhos de Lucio Costa. “É, também, uma alusão às persianas internas tão utilizadas nas janelas e divisórias de escritórios. Só que, em vez de figurarem no interior dos edifícios, elas foram para as fachadas”, comenta o arquiteto.
A escolha dos materiais reflete a relação de integração entre o partido arquitetônico e o meio externo. Por isso os arquitetos optaram pelo vidro aplicado na base, que explora a transparência entre os ambientes. O Edifício Comercial Brasília possui pilares recuados, e as fachadas mais ensolaradas – leste e oeste – recebem a proteção dos painéis de madeira.
A arquitetura de interiores explora os vazios centrais de maneira orgânica nas quatro lajes de piso, ao contrário do bloco ortogonal maciço visualizado nas fachadas. “De dimensão generosa, esses recortes curvos e ondulados se contrapõem à malha regular dos pilares e favorecem a iluminação zenital no espaço, trazendo luz natural e tornando-se uma agradável reserva de área livre”, finalizam os arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.
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