Texto: Naíza Ximenes
Assinado pelo escritório Conrado Ceravolo Arquitetos, o projeto da Casa Francez nasceu de uma história peculiar. A morada está localizada no condomínio Outeiro das Brisas, em Trancoso (BA), e seu proprietário decidiu reformá-la assim que a adquiriu. Para tanto, ele recorreu a um amigo de infância: o arquiteto João Conrado.
O intuito era criar um espaço que respeitasse o contexto histórico e cultural do local — uma proposta que não foi difícil de alcançar, já que a morada foi uma das primeiras construções do condomínio. “Esse meu amigo, o proprietário, me contou que a casa era de um corretor do Outeiro, e ela tem uma implantação muito legal”, comenta João Conrado.
“Ela fica na frente da praça central e é uma das casas originais do condomínio. O empreendedor construiu algumas residências ali, bem no começo do empreendimento, para divulgar o Outeiro e levar as pessoas para lá, para conhecerem aquela região que ainda era bem desconhecida”, complementa.
A casa possuía características marcantes, como uma fachada emblemática que remetia às construções originais. Por isso, a proposta inicial manteve a fachada inalterada, concentrando as mudanças no interior.
O imóvel, que originalmente contava com um único quarto no pavimento superior e dois quartos em uma edícula no fundo, foi transformado para atender às novas necessidades da família. Assim, o projeto propôs a construção de dois quartos no piso superior, ambos em formato de suíte, além de uma piscina que respeita a vegetação local e um espaço gourmet integrado ao ambiente social.
Com um lote compacto, de 10 x 25 metros, e uma legislação que permitia o aproveitamento máximo do terreno (ou seja, sem a necessidade de recuos), a reforma focou em uma planta integrada e funcional.
Um pergolado de acesso foi criado, servindo como uma extensão do ambiente social da casa e proporcionando iluminação natural. Ele leva à área principal do térreo, que une sala de estar, sala de jantar, cozinha e TV em um único espaço fluido, projetado para ser amplamente aberto e conectado ao exterior. Grandes esquadrias de madeira e vidro permitem a integração entre a área interna e o pergolado, que também abriga a churrasqueira e uma mesa gourmet.
No fundo do terreno, a edícula foi revitalizada, mantendo sua posição original, mas com novas instalações elétricas, hidráulicas e um telhado renovado. Já no segundo pavimento, os dois novos quartos foram projetados para acomodar famílias numerosas, com soluções práticas como bicamas e beliches.
Quanto ao design, o arquiteto conta que o projeto foi inspirado na arquitetura colonial baiana — motivo pelo qual a Casa Francez utiliza materiais locais, como esquadrias de madeira, telhado cerâmico, reboco Santa Fé e pisos de pedras irregulares típicas da região. Esses elementos dialogam com o contexto histórico do condomínio, preservando sua identidade cultural.
A ideia é sempre respeitar muito o que a gente chama de arquitetura baiana, que é uma arquitetura colonial brasileira, com toques bem regionais de lá. Tentamos usar materiais mais locais, com a pegada do entorno, que é até uma exigência do condomínio e que eu acho super válida. Tem até um toque contemporâneo no projeto: os móveis do casal que eram da casa deles de São PauloJoão Conrado, sócio e arquiteto do escritório Conrado Ceravolo Arquitetos
A ventilação natural é definida por aberturas estratégicas e esquadrias com paletas móveis, que permitem controlar a entrada de ar fresco. Para os dias mais quentes, foi instalado ar-condicionado em todos os quartos, mas o uso de mosquiteiros possibilita noites agradáveis com as janelas abertas.
A iluminação também respeita a simplicidade regional, com luminárias artesanais de madeira, barro e palha, criadas por artesãos locais. O projeto evitou sofisticação excessiva, priorizando uma estética que remete às casas antigas do “Quadrado” de Trancoso, mantendo uma atmosfera acolhedora e nostálgica.
“O que eu mais gosto dessa casa é a integração interno e externo. Você não sabe bem se está dentro ou fora da casa. No fim, tudo funciona como se fosse um ambiente único”, conclui Conrado.
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