Texto: Naíza Ximenes
Unindo dois modelos distintos de negócio, o escritório de arquitetura Superlimão projetou, em São Paulo, a segunda unidade da deBetti — um estabelecimento que agrega, em um único conceito, um restaurante e um mercado especializado em carnes maturadas.
Conhecida pelo grande aparato para churrascos (da carne ao churrasqueiro), a nova filial fica próxima ao Parque do Ibirapuera e ganhou um espaço completamente inspirado nesse marco turístico da cidade, segundo os arquitetos.
A família deBetti está no ramo açougueiro desde 1880. A primeira unidade, chamada de Quinta de Betti, deu tão certo que as filas para conseguir uma mesa aos finais de semana são quilométricas — o que impulsionou a abertura de uma nova unidade.
Ao projetar o novo espaço, os arquitetos do Superlimão contam que a aposta foi manter a atmosfera do Quintal deBetti. Para isso, criaram uma estrutura que contempla toda a vista para o parque ao redor, de forma descontraída e convidativa. O açougue e mercado ficaram de um lado e o restaurante com as duas áreas, coberta e ao ar-livre, do outro.
Câmara de dry aged, mercado/açougue e restaurante marcam a fachada. O conceito industrial e sofisticado fica evidente. A estrutura metálica preta — que é aparente, inclinada e forma um grande pergolado à frente — ganhou ainda mais destaque com os panos de vidro por toda a extensão. A divisão entre os ambientes também ficou perceptível logo do exterior, tamanha permeabilidade visual.
O deBetti é, claramente, dividido em dois ambientes. Do lado esquerdo, onde fica o açougue, a entrada é livre e com um grande vão de acesso. Do lado direito, há um deck levemente elevado na área externa, contornado por um guarda-corpo metálico preto, que forma o espaço para refeições a céu aberto.
Há, ainda, arcos tubulares metálicos que se fundem às árvores em frente à loja, dando um ar tropical. Segundo o escritório, eles ainda possibilitam o proveito de grandes vãos, além de dar destaque a um ponto-chave do açougue: a câmara de dry aged (onde as carnes são maturadas).
“Abaixo das placas, plantas trepadeiras tomam conta das estruturas, o que melhora a proteção, umidifica a área e cria um microclima agradável, sem gasto de energia”, conta Lula Gouveia, sócio e arquiteto do Superlimão.
O escritório de arquitetura conta que posicionou a câmara em um ponto bem visível, logo na entrada, para “oferecer aos clientes uma compreensão direta do processo e da qualidade dos produtos”.
Uma vez dentro do estabelecimento, os clientes se deparam com estantes de rodinha (para garantir a flexibilidade) espaçadas, repletas de produtos relacionados a churrasco. O piso é de uma cerâmica terracota, com aspecto bucólico, contrapostos pelos espelhos no teto — que também têm o intuito de refletir as copas das árvores mesmo durante as compras.
Seguindo à direita, atrás de uma das estantes, o restaurante se revela. Há um espaço de açougue — marcado por tijolinhos brancos na parede do fundo, onde os clientes podem observar de perto o corte das peças de carne — e uma área de rotisserie, com destaque para a meia parede de ripado de madeira e adaptada para o consumo de produtos no local.
Em frente ao balcão, diversas mesas com cadeiras de couro marrom preenchem o salão. A parede lateral ganhou um cobogó adaptado como adega, na extremidade mais próxima ao atendimento, e pedra moledo com muita vegetação no restante. Na outra extremidade, está a abertura que leva à área externa, em um deck de madeira. Lá, a madeira se torna o destaque, ao constituir todo o mobiliário.
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