Ares franceses
Texto: Vitória Oliveira
Localizado no centro do complexo gastronômico “Le Quartier” – em São Paulo –, o projeto que recebeu o mesmo nome em que está localizado, foi assinado pelo escritório Tadu Arquitetura.
O misto de bar e boucherie, que é cercado por diferentes restaurantes anexos, também funciona como salão de conexão entre os ambientes. No grande balcão, é possível observar o preparo de comidas e bebidas enquanto o cliente também presencia parte da operação das demais atividades do “Quartier”.
Durante o processo de análise e demolição do edifício, três pontos foram decisivos para a concepção do projeto: preservar traços da construção original, garantir que o centro do salão permanecesse com pé-direito duplo e viabilizar iluminação natural para o coração do empreendimento, além de traçar diferentes fluxos prováveis para futuras expansões ou mudanças de modelo do negócio.
A madeira modernizou o espaço do bar Foto: Fran Parente Dia e noite revelam ambientes distintos. Claro, amplo e estimulante durante as primeiras horas do dia, o Bar se transforma à medida que a noite se aproxima. O grande átrio iluminado aos poucos dá lugar ao conforto da luz fraca e amarelada. Na parede de fundo, as fileiras de garrafas brilham com os reflexos da iluminação embutida nas estantes.
Se, de um lado, o balcão funciona como o ponto focal e palco da ação do empreendimento, o lounge com de pé-direito mais baixo é discreto e permite que o cliente esteja próximo da apresentação de Jazz instrumental.
Em ressonância com o pé-direito duplo, a estante de garrafas avança em direção à claraboia, ampliando a perspectiva vertical do ambiente. Considerando o uso prolongado entre dia e noite, os materiais foram pensados para promover atmosfera harmônica independente do setup de iluminação – Dia ou noite.
O salão do restaurante, localizado em uma das extremidades do “Le Quartier”, é parte fundamental no fluxo das atividades do complexo. A posição estratégica de sua cozinha, de frente para a rua, permite acesso direto de mercadorias e funcionários à cozinha principal do conjunto, no segundo pavimento. Salão de mesas e cozinha de finalização ficam no térreo, por onde acontece o acesso principal ao salão do restaurante, através do Bar Du Quartier.
Gesso, emboço e painéis de madeira deram lugar a vigas, pilares e instalações aparentes. Os tijolos originais da edificação também foram preservados. Os elementos da investigação pós demolição permitiram criar um ambiente em ressonância com os clássicos açougues franceses.
No mesmo universo estético, azulejos, quadro negro, acessórios de cozinha completam a humanização do salão. A culinária é especializada em cortes grelhados especiais.
O mobiliário em couro e madeira reforçam o aspecto industrial e acolhedor do lugar onde o piso especial para ambientes de alto tráfego, em duas cores, arremata o plano das mesas e cadeiras.