Texto: Naíza Ximenes
Concebida para um casal de proprietários do Rio Grande do Sul, a Casa Sangalli é um projeto do escritório Raiz Arquitetura que fica em Riviera de São Lourenço, no litoral de São Paulo. A proposta era criar um refúgio para os fins de semana na praia, para que o casal pudesse aproveitar momentos de lazer com os dois filhos.
Construída em um terreno de 1.090 metros majoritariamente plano, a morada tem conceito integrado, com conforto e bastante sombreamento — em especial, durante os dias quentes de verão. Além disso, a proteção contra a umidade litorânea foi uma grande preocupação da equipe de arquitetos, que optou pela construção da casa com uma elevação de 90 centímetros em relação à rua.
Alexandre Ferraz, sócio e arquiteto do escritório, comenta sobre o formato do terreno. “É um terreno bem amplo. Foi um ponto de partida bem interessante, que nos permitiu explorar bem a parte externa. Apesar de ser plano, ele não é regular, e sim no formato de um trapézio. Nós conseguimos implantar a casa de maneira que todas as arestas do trapézio abrigassem manchas de aglomeração de vegetação, e, com isso, conseguimos fazer com que a vegetação circundasse toda a residência. A proposta trouxe um aconchego e até uma certa privacidade em relação aos vizinhos”, ele conta.
Há dois motivos que justificam a construção da Casa Sangalli em formato de “L”. O primeiro deles é a integração, garantindo que todos os ambientes da residência tivessem vista direta para a piscina — o ponto central. O segundo é o sombreamento solicitado pela família na área de lazer, responsável pela implantação de um pórtico sobre a piscina.
Construído em concreto, esse pórtico é um dos destaques do projeto, já que, além de proporcionar um verdadeiro equilíbrio em relação à iluminação natural na área externa, ele também possibilitou a construção de uma área de spa. Assim, ele não só garante temperaturas amenas nas áreas protegidas, como protege o deck que abriga a hidromassagem, a sauna e a academia.
“Nós não queríamos tirar a vista da Mata Atlântica”, comenta o sócio e arquiteto da Raiz Arquitetura, Elias Souza. “Então nós projetamos um pórtico no intuito de colocar as necessidades que o cliente queria sobre ele. Nós colocamos uma academia e projetamos uma área zen, onde tivesse um espaço com uma área de contemplação para ele poder ficar, sem perder a vista do fundo do terreno”, comenta.
Já o programa de necessidades foi estruturado a partir de um pé-direito duplo na área social que se estende da entrada da casa até a área de estar. A estratégia permite que a luz natural e a vista da Mata Atlântica adentrem a residência, em uma planta livre e integrada com comunicação visual entre todos os ambientes, promovendo uma sensação de amplitude e conexão.
O revestimento ripado de madeira no teto reforça o clima praiano, enquanto a integração com o paisagismo externo proporciona um ambiente de contemplação e lazer. No pavimento superior, a aposta foi na separação dos blocos de dormitórios.
Isso porque a suíte principal dos proprietários foi posicionada em um extremo da casa, enquanto o bloco oposto abriga as suítes dos filhos e convidados, criando privacidade tanto para os moradores, quanto para os visitantes.
Com uma linguagem arquitetônica contemporânea, a Casa Sangalli utiliza uma paleta de cores minimalista, onde predominam concreto aparente, madeira e ripados. A fachada frontal destaca volumes bem definidos, e o uso de brises e painéis ripados garante a privacidade dos moradores sem comprometer a luminosidade interna. Esses elementos também foram repetidos na fachada posterior, criando uma continuidade visual que reforça a identidade do projeto.
A ventilação natural foi planejada de forma que os quartos fossem orientados para capturar os ventos predominantes da região, enquanto o projeto luminotécnico foi idealizado para valorizar a luz natural e o paisagismo, criando um ambiente aconchegante e agradável. A escolha por sancas e iluminação indireta no interior reforça o clima intimista da residência.
“O que eu mais gosto nesse projeto é a integração que ele tem”, conta Elias Souza. “Quando o cliente nos dá uma certa liberdade, de fazer com que a arquitetura dialogue com os elementos do entorno, nós conseguimos fazer uma residência toda aberta... E é uma coisa bacana, me agrada bastante, porque você consegue ver a arquitetura de diversos ângulos, além de conviver de uma maneira mais integrada, principalmente numa residência de praia. Aqui as pessoas sempre estão em conjunto, os ambientes são de comemoração, festivos”, conclui.
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