O arquiteto Gui Mattos foi convidado para projetar a Residência ALL em uma clareira cercada por um terreno de 7 mil m². Localizada em um condomínio na Praia de São Pedro, no Guarujá (SP), a casa que parece flutuar é abraçada pela Mata Atlântica.
Com a premissa de não interferir na vegetação local, a proposta de uma casa térrea foi tomando forma. O programa organizado em 625 m² resultou em um anel de concreto com elementos de madeira e vidro, que estão apoiados em estruturas de concreto revestidas de pedras.
Os pontos de apoio sustentam e contribuem para a salubridade da morada, já que o local onde está inserida conta com umidade intensa. Com isso em vista, era preciso traçar uma estratégia para que a luz solar chegasse até os ambientes.
Como as costas da residência ficam voltadas para o norte, uma fresta envidraçada foi aberta na laje. “A solução da dilatação da laje faz todo o percurso da casa; ela tanto ilumina a sala como ilumina os quartos de uma forma interessante. Você fica voltado para a vista, mas recebe essa luz por trás”, conta o arquiteto Gui Mattos.
Você fica voltado para a vista, mas recebe essa luz por trás Gui Mattos
Além disso, o ângulo de deslocamento da cobertura possibilita que a luz do sol se faça presente mesmo quando a casa está fechada, o que acontece com frequência, já que se trata de uma propriedade de veraneio.
Projetado para fora do anel de concreto, um volume de madeira atua como hall de entrada do amplo salão, e se estende para abrigar o lavabo. O pavimento recebe as áreas sociais, que estão integradas com a varanda gourmet e espaço de lazer.
Ao entrar no espaço, o confortável sofá branco em “L” da sala de estar se destaca em meio às cores verdes e terrosas. O piso de cor fria presente em toda a residência gera fluidez entre os ambientes, e a lareira suspensa completa a atmosfera aconchegante.
Mais ao lado, é possível notar a forte presença da cozinha, pensada para a proprietária, que gosta de cozinhar. Nela, o imponente balcão para preparo das refeições divide espaço com a geladeira embutida e a estante modular, que se estende até o anexo da cozinha ao lado.
Uma grande mesa de jantar redonda está centralizada à frente do balcão. E ao lado, um outro volume de madeira se projeta para fora da lateral da estrutura, dessa vez alocando a sala de TV com home theater.
Os caixilhos foram embutidos dentro da parede, garantindo a continuidade entre estar e área gourmet com churrasqueira, mas também permitindo o fechamento com portas de vidro deslizantes. “Há uma continuidade entre estar e varanda, não tem desnível, não tem nada, então se forma um único espaço”, diz Gui Mattos.
Composta por uma ampla mesa e uma área de convivência com quatro poltronas, a varanda segue até a outra extremidade da estrutura de concreto, onde os quatro dormitórios com suíte estão dispostos lado a lado.
Não tem desnível, não tem nada, então se forma um único espaço Gui Mattos
Na fachada norte, o corredor de acesso para a área íntima fica entre os grandes panos de vidro e a extensa “parede de madeira”. E na face sul, as portas camarões e as portas deslizantes de vidro permitem que os quartos se abram para a paisagem.
“Logo depois da piscina começa a mata; logo depois do último quarto, tem a mata; a sala de TV se abre para mata e o fundo tem um pouquinho de espaço para chegar, estacionar alguns carros e você está cercada pela mata. Eu acho que a casa não tem parede”, brinca o arquiteto.
Em um nível um pouco mais baixo, o deck de madeira recebe a área de lazer com um solário e uma piscina. Em uma das laterais, uma escada acompanha o declive do terreno, direcionando os moradores a um volume de pedra que auxilia na sustentação da casa e acolhe a lavanderia, o depósito e a casa do caseiro. Sob a piscina, foram colocados a sauna e um quarto de hóspedes.
Conforme o projeto foi sendo estruturado, notou-se que a existência de uma garagem ocuparia uma porção a mais da área da clareira. Esse fator levou a proprietária a desistir da estrutura e utilizar o espaço que ficou na fachada norte da casa para estacionar os carros. “Um espírito jovem que eu achei muito legal e a gente incorporou na obra”, conta Gui.
A morada é extremamente arejada, e para que a ventilação pudesse circular na parte alta do espaço social, a fresta que está na dilatação da laje conta com possibilidade de abertura nas duas extremidades, fazendo com que ocorra um fluxo de ar.
Apenas os dormitórios contam com ar-condicionado, para que o clima fique agradável quando as portas forem fechadas. Além disso, a fresta que percorre os quatro cômodos conta com a possibilidade de blackout, vedando a entrada da iluminação externa.
Como a estrutura aparenta estar flutuando em meio à mata, a impermeabilização foi feita apenas nos alicerces que estão em contato com o terreno. No mais, a luz solar e os móveis adequados mantêm a vitalidade da casa.
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