Texto: Naíza Ximenes
Anos após projetar a primeira casa de veraneio para um cliente, o escritório Gilda Meirelles Arquitetura o reencontrou para um novo projeto: a casa Baronesa 22. Esta proposta tinha muitas similaridades com a anterior: a residência também seria de veraneio e ficaria no mesmo condomínio, no interior de São Paulo. Desta vez, no entanto, as amenidades voltadas para as crianças (como o campinho de futebol da primeira casa) foram substituídas por um lazer totalmente adulto, já que os filhos estão crescidos.
Tirando partido de um terreno de três mil metros quadrados, a equipe de arquitetos apostou na construção de uma casa térrea, de 700 metros quadrados. Marcada por uma conexão fluida entre os espaços internos e a vegetação externa, a obra foi dividida em blocos que são conectados por uma galeria envidraçada com brises de madeira.
Para Gilda Meirelles, arquiteta que dá nome ao escritório, o programa de necessidades não muda muito de uma casa de veraneio para a outra. Segundo ela, a verdadeira arquitetura está na disposição desses espaços.
“Acho que toda casa tem que ser aconchegante, porque é a morada de uma pessoa. Mas uma casa de campo sempre tem que receber muito, hospedar visitantes, proporcionar um convívio legal com os filhos. É o ‘ficar junto’”, ela conta. “Daí parte o programa. São sempre várias suítes, terraço com churrasqueira, salas integradas, apoio de serviços, piscina no lazer, às vezes uma sauna... E sempre muito jardim”, conclui.
A estrutura da residência foi pensada para oferecer conforto térmico e acústico, aproveitando a ventilação cruzada e a insolação natural que tornam a casa energeticamente eficiente.
A combinação de brises de madeira, coberturas planas com beirais largos e o uso de vidros altos assegura que os ambientes sejam iluminados sem o impacto direto do sol, criando um ambiente aconchegante e confortável para os moradores.
Além disso, o terreno em aclive apresentou desafios únicos para a implantação da residência. A rampa de acesso, por exemplo, foi planejada para ser confortável e funcional, levando os automóveis diretamente à garagem e à entrada principal da casa. A partir dali uma galeria interna distribui os acessos aos diversos ambientes da residência, sempre com vistas para os jardins internos e externos.
Para a cobertura, a equipe de arquitetos apostou em um formato plano, com vigas metálicas e de madeira. Na área social, onde ficam sala de estar, jantar e cozinha, o pé-direito é duplo — e é essa estrutura a responsável pela volumetria ímpar do projeto. Isso porque, na sala de TV, por exemplo, o formato se repete, mas em menor escala, já que a proposta é criar um ambiente mais íntimo.
Lígia Meirelles, que também é arquiteta no escritório, destaca a volumetria como um dos pontos mais interessantes do projeto. “Quando fazemos uma cobertura plana e há essa diferença de pé-direito, é muito interessante. O projeto é sempre feito de dentro para fora e de fora para dentro. Então, estamos sempre pensando no usuário, nas necessidades, e, obviamente, em como isso também vai se refletir como volume estético. Então eu acho que esse jeito de criar pés-direitos diferentes é legal tanto olhando de dentro como de fora”, ela explica.
“Uma coisa que eu acho muito legal nesse projeto é a entrada de luz entre as coberturas, lá em cima do pé-direito. É uma iluminação que não bate diretamente nas pessoas na área social, mas que está sempre levando luz para a sala. Além disso, ainda cria essa conexão entre interior e exterior, já que, mesmo na área interna, é sempre possível ver o céu e o jardim”, comenta.
A escolha dos materiais, por sua vez, reflete a busca por durabilidade e estética contemporânea. O piso em mármore travertino nas áreas sociais e a madeira nos quartos garantem praticidade e aconchego. As esquadrias em alumínio, pintadas em tons terrosos, foram escolhidas para harmonizar com a paisagem natural ao redor.
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