
Texto: Naíza Ximenes
Três níveis, três pavimentos... Três Tempos. Este foi o nome escolhido para a casa projetada pelo escritório Carolina Penna Arquitetos em São Roque, interior de São Paulo. A morada repousa sobre um terreno acidentado, fator que influenciou a sua implantação em diferentes altitudes, com o acesso principal sendo realizado pela cota mais alta.
Ocupando 500 metros quadrados de um terreno de 3.400 metros quadrados, o projete teve como partido a utilização de soluções técnicas que respeitassem a topografia natural do ambiente. Concebida para um casal com quem a arquiteta Carolina Penna tem uma amizade de longa data, a residência ganhou uma estrutura extremamente personalizada, marcada por ambientes amplos e integrados.
Impactados pela pandemia, o casal de proprietários tinha como prioridade a construção de uma casa com maior contato com a natureza, distante da agitação urbana, e, sobretudo, com espaços generosos para receber amigos e familiares – um dos destaques do projeto.
Entre os desafios está o terreno (...), que é relativamente estreito e comprido. Essa região tem uma topografia bem acidentada. Mas tudo é recompensado com a vista! Então, de todos os pontos da casa, nós privilegiamos essa vista, já que fomos desenvolvendo a casa em níveis. É como se a casa emergisse do perfil natural do terreno, e, conforme vamos descendo, nós temos diferentes experiências nos espaçosCarolina Penna, fundadora do Carolina Penna Arquitetos
Perante um terreno com declive generoso, a solução foi desenvolver a casa em níveis que acompanham o perfil natural do solo, preservando sua geografia e criando uma interação orgânica com a paisagem. São três níveis principais: a chegada pela rua, onde está o abrigo dos carros e o pórtico de entrada; o nível intermediário, dedicado à área social; e o nível inferior, que abriga as áreas íntima e de lazer.
A estrutura da casa foi planejada como uma sequência de descobertas, com ambientes que revelam diferentes vistas e experiências. A entrada principal não possui uma porta tradicional, mas uma escada aberta protegida por brises de madeira, conectada diretamente à varanda gourmet.
No nível social, a varanda integra-se à cozinha, ao jantar e à sala de estar, onde também estão localizados um bar e uma adega. Logo à frente, há um espaço de lazer com piscina de borda infinita, solário e um pequeno mirante sobre a cobertura do pavimento inferior. Toda a varanda gourmet é compartilhada pelo home theater, que fica mais recluso.
Já no nível inferior, as cinco suítes oferecem diferentes experiências: a suíte principal inclui um banheiro com vista para a mata, enquanto a suíte das crianças tem seis camas, promovendo um ambiente lúdico. Esse pavimento ainda conta com varandas que se abrem para a copa das árvores, proporcionando uma conexão direta com a natureza. No ponto mais baixo do terreno, uma área de lazer reúne quadra de areia, salão de jogos e um estúdio musical, atendendo ao gosto pessoal dos moradores.
“A gente chamou a casa de Três Tempos, que é para você desacelerar e ver que cada coisa tem seu tempo na casa”, conta Carolina Penna.
O design de interiores da Casa Três Tempos foi pensado para refletir a busca por ambientes leves, integrados e de fácil manutenção. O projeto ganhou materiais e revestimentos que exploram não só elementos naturais, mas também texturas que remetem à simplicidade do entorno.
Pensando nisso, toda a área social foi revestida com pedra São Tomé de acabamento rústico, ideal para evitar escorregões em espaços molhados. Os forros nos tetos, por sua vez, apresentam tramas de bambu que trazem acolhimento e um toque artesanal ao projeto. Já as paredes ganharam textura ora branca, ora terracota, contrastando entre si e delimitando diferentes áreas. Nos quartos, o porcelanato amadeirado oferece durabilidade e aconchego.
Para garantir ventilação e iluminação naturais em abundância, a estrutura também é marcada por amplos caixilhos e aberturas, que favorecem a circulação do ar e a conexão entre interior e exterior em todos os ambientes. A arquitetura priorizou soluções passivas para minimizar o uso de sistemas artificiais de climatização, refletindo uma abordagem sustentável alinhada ao clima tropical.
“Na cobertura desse bloco íntimo, nós criamos um grande terraço, que está no nível da sala da área social. Então você amplia a área plana social com esse terraço, propondo para o cliente essa estratégia. Eles gostaram, porque eles pensam em festas... então sobra mais espaço para receber as pessoas. E esse grande terraço fica como um mirante, virado para a mata também”, conclui a arquiteta Carolina Penna.
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