Ao redor de um cajueiro
Texto: Naíza Ximenes
Inspirado pelo princípio do arquiteto modernista pernambucano Armando de Holanda — que vê a arquitetura como uma continuidade dos padrões culturais definidos pelas formas de se relacionar com o meio ambiente —, o escritório Asa Arquitetos projetou a Casa Alta a partir de um cajueiro.
A árvore, que fica na esquina superior do lote de 33,15 metros x 30,50 metros, orientou o desenho da morada, situada em Barbalha, no Ceará. Projetada em “L”, a casa térrea preenche a esquina inferior e tem a premissa de incentivar o convívio com a natureza — o que fez com que todos os cômodos ganhassem vistas para o jardim e o cajueiro.
Definida como destaque do projeto, a área externa ganhou jardim privativo, piscina, spa, playground e horta. Além disso, o setor íntimo está completamente conectado ao espaço.
A fachada da Casa Alta em Barbalha, no Ceará, ganhou brises de madeira e vidros que proporcionam luz natural ao ambiente interno. Os arquitetos do escritório Asa Arquitetura optaram por uma construção térrea e no formato em “L” | Foto/Imagem: Igor Ribeiro
Estrutura
As duas paredes externas do formato em “L” constituem as bordas do quarteirão. Na fachada, encontra-se a entrada principal, que leva às salas de estar e jantar. Na lateral, encontra-se a entrada para a garagem.
Com o intuito de delimitar as áreas em termos de volumetria, os arquitetos optaram por posicionar a sala de estar e a sala de jantar logo na entrada, ou seja, na esquina do quarteirão. A estratégia separa os dois setores da casa — o social e o privativo — de maneira clara.
Assim, ao entrar na residência, há duas opções. O caminho pelo lado direito leva a um corredor que conduz o visitante às quatro suítes — a porção restrita da casa. Segundo os arquitetos, elas foram distribuídas em blocos para trazer mais privacidade à família. A última suíte é a única que possui varanda reservada, já que foi construída para hóspedes.
Voltando às salas — que ganharam pé-direito alto e materiais como concreto, madeira e vidro —, o caminho que conduz o visitante ao fundo da casa leva ao setor social e à garagem, acessados pela cozinha.
Todas as paredes entre a área interna da casa e a área de lazer ganharam janelas corrediças de vidro, do chão ao teto. Elas são sobrepostas por uma laje de concreto, que interliga todos os setores.
Por fim, os pisos e revestimentos do jardim seguiram a topografia preexistente, o que fez com que o formato do pavimento se diferenciasse de acordo com o ambiente. Onde existem plantas, as linhas são curvas e propiciam o crescimento das vegetações arbustivas regionais. No spa, as linhas seguem o formato quadrado e retilíneo do paisagismo.
No total, a Casa Alta possui 652,28 metros quadrados de área total construída.
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