
Texto: Naíza Ximenes
Em meio ao solo vermelho da cidade de Princesa Isabel, na Paraíba, o escritório Asa Arquitetos projetou a Casa Amparo. Situada em um terreno relativamente plano e rochoso, a morada foi concebida como um verdadeiro espaço de contemplação — motivo pelo qual a varanda foi elevada, definindo todo o conceito do projeto.
Ao combinar modernidade e tradição em meio ao sertão brasileiro, a manifestação arquitetônica é marcada tanto por linhas contemporâneas, caracterizadas pela volumetria escalonada (que não só potencializa a circulação dos ventos, como também cria um jogo de alturas que enriquece a experiência espacial), quanto por uma proposta vernacular.
Foi pensando nisso que a equipe de arquitetos investiu na construção não só de terraços e alpendres, mas também apostou na utilização de materiais locais e característicos da região, como o tijolo ecológico, a telha colonial e uma série de elementos artesanais.
Com uma implantação que prioriza a apreciação do entorno, a vistas da Casa Amparo alternam entre o cenário urbano e a natureza exuberante. Assim, ao mesmo tempo que o projeto ganhou uma escala acolhedora, ele também foi setorizado em vários níveis para atender às necessidades dos moradores. Esses pavimentos são conectados tanto por rampas, quanto por escadas, refletindo uma integração marcante entre os ambientes da morada.
A residência está organizada em três níveis, cada um com uma função distinta. No térreo, encontram-se os setores de serviço e lazer, que incluem garagem, lavanderia, depósito, área de apoio, deck e piscina. Esse espaço foi pensado para oferecer momentos de convivência e relaxamento, onde toda a família interage livremente.
O nível intermediário, por sua vez, funciona como um ponto de transição, articulando os diferentes ambientes por meio de um pátio central. A partir dele, uma escada arquibancada e uma rampa conduzem ao nível superior, onde estão localizados os blocos social e íntimo.
Já o setor social é composto por um alpendre, sala de estar e cozinha integradas, enquanto o bloco íntimo dispõe de um corredor que conecta três suítes. Cada um dos dormitórios tem a própria varanda, voltada para o norte, para aproveitar ao máximo a iluminação natural.
O pavimento superior ganhou um design diferenciado tanto interna quanto externamente. Do lado de fora, o destaque são as varandas mirante — pequenas áreas protegida por estruturas de madeira natural e metálica, com vidros que controlam os ventos e garantem proteção durante os períodos chuvosos.
Do lado de dentro, a sala de estar e a cozinha são definidas por um pé direito inclinado, com telhas coloniais aparentes e tesouras de madeira (estruturas triangulares, feitas de madeira, que compõem o sistema de sustentação de telhados. Elas transferem o peso da cobertura para as paredes ou pilares, permitindo que o telhado tenha estabilidade e resistência).
A estratégia, associada ao uso de ladrilhos hidráulicos na cozinha, cria uma atmosfera acolhedora, característica de casas rurais.
Com o intuito de dar um ar mais funcional e sustentável ao bloco íntimo, o projeto ganhou um balanço estruturado em tijolo ecológico, que filtra a luz natural e protege os corredores. As suítes oferecem conforto e privacidade, com vistas privilegiadas do horizonte, ao passo que as paredes de alvenaria em pedra desempenham um papel funcional e estético, protegendo contra a insolação poente e enquadrando a paisagem em grandes aberturas.
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