Um prédio de seis andares bem em frente ao movimentado Elevado Costa e Silva, o famoso Minhocão, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, foi retrofitado pelos arquitetos Marcelo Morettin e Vinicius Andrade, do escritório Andrade Morettin Arquitetos Associados. A medida foi tomada por questões de segurança, pois o edifício passou a abrigar o Instituto de Pesquisas da Santa Casa de São Paulo, responsável pela realização de um número importante de pesquisas biomédicas.
O Instituto de Pesquisas da Santa Casa de São Paulo precisava ser acolhido em um ambiente tranquilo e protegido, apesar do seu movimentado entorno. “Na primeira visita que fizemos ao prédio nos deparamos com um cano de escapamento de automóvel no piso do salão, no segundo andar. Observando um vidro estilhaçado, concluímos que o escape veio pelo Elevado Costa e Silva, atravessando a janela do prédio”, relatam os arquitetos, que solucionaram o problema com a instalação de uma segunda pele, que atuaria como uma carapaça de proteção – executada em perfis e chapas perfuradas de aço galvanizado –, resolvendo tanto a questão da proteção quanto da necessidade térmica.
Para atender aos requisitos de conforto ambiental e com o propósito de criar uma imagem forte para o Instituto, o volume do prédio foi totalmente reformulado. A solução encontrada foi reduzir a superfície envidraçada e “envelopar” todo o edifício com a nova fachada.
O projeto deveria obedecer a uma série de especificações técnicas restritivas, o que condicionaria o layout interno e as soluções de maneira rígida. Diante disso, os autores optaram por uma volumetria e superfície neutras, para que o design respondesse de forma direta à necessidade de desempenho técnico.
Seguindo o pragmatismo das intervenções externas, o interior do Instituto de Pesquisas da Santa Casa de São Paulo recebeu materiais que refletem as utilidades técnicas de operação e manutenção do empreendimento. Os autores explicam que o desafio acústico do projeto foi “oferecer um bom isolamento com relação ao ruído proveniente do Elevado, justamente nos horários comerciais”. Assim, foram desenhados caixilhos com capacidade para apartar os barulhos juntamente com um consultor específico para esse tipo de trabalho.
“Os caixilhos utilizados, dotados de vidros laminados de 12 mm, foram dimensionados por um consultor de acústica para reduzir o alto ruído proveniente do Minhocão. A pele metálica, de chapas galvanizadas com pintura eletrostática, foi fixada no prédio por meio de um sistema de longarinas metálicas, que asseguram a planicidade desejada e o correto afastamento da fachada original do prédio. O resultado geral é um volume íntegro, bem articulado com o entorno, que se coloca na paisagem urbana com personalidade, mas sem exageros”, concluem os arquitetos Marcelo Morettin e Vinicius Andrade.
O conforto térmico foi alcançado seguindo a linha de que a maioria dos espaços do edifício está destinada ao estabelecimento de laboratórios de pesquisa, cujo ar deve ser controlado e climatizado, portanto, o empreendimento provê um sistema global de climatização. Assim, a segunda pele proposta neste projeto arquitetônico consegue melhorar o desempenho térmico, reduzindo significativamente a exigência sobre os conjuntos mecanizados.
O Instituto de Pesquisas da Santa Casa de São Paulo é abastecido por diversos serviços prediais, que incluem a automação de todo o sistema. As intervenções de destaque se deram no campo das instalações prediais, capacitando um antigo edifício de escritórios a se tornar um instituto de pesquisa biomédica com vasto volume para os serviços desenvolvidos.
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