Texto: Naíza Ximenes
Desenvolvido como uma evolução do Centro de Difusão Internacional (CDI-USP), prédio da Universidade de São Paulo (USP), o Inova USP é um edifício flexível com foco em inovação. Ambos os prédios, situados lado a lado, foram projetados pelo escritório Onze Arquitetura, em São Paulo, e dialogam entre si.
Em entrevista à Galeria da Arquitetura, Eduardo Telles, um dos arquitetos do escritório, conta que o Inova USP foi projetado como um aprimoramento da proposta original, os chamados “blocos padrões”. Eles consistem em modulações de 1,25 metro e pilares recuados para deixar a fachada livre — e que, na nova versão, ganharam uma volumetria muito mais interessante através das sacadas e paredes desalinhadas, especialmente nas interseções dos blocos.
Além disso, a equipe de arquitetos também atendeu à demanda central da universidade no projeto, de um espaço flexível como parte de um plano de internacionalização. Destinado à inovação, o prédio abriga laboratórios, salas de aula, auditório e espaços corporativos. Flexibilidade foi a palavra-chave do briefing, permitindo a adaptação a diversas iniciativas, como desenvolvimento de tecnologias, inteligência artificial e laboratórios especializados.
A ênfase na flexibilidade e a gama de possibilidades são conceitos que andam lado a lado no projeto do Inova USP. O intuito era criar um ambiente que pudesse se adaptar a diferentes necessidades e instituições.
Partindo do terreno, localizado em uma área extremamente arborizada da cidade universitária, os arquitetos encontraram desafios logo de cara. Isso porque a quantidade significativa de árvores exigiu um cuidadoso remanejamento para minimizar o impacto ambiental — que teve como solução a conexão entre volumetria do edifício e vegetação existente. O resultado foi uma implantação única.
Para não prejudicar o lençol freático, os arquitetos elevaram todo o térreo do prédio — estratégia que criou um dos destaques do Inova USP: a escadaria
Inicialmente planejado como subterrâneo, o estacionamento era uma demanda da universidade que teve de ser adaptada e determinou um dos principais elementos do projeto: a escadaria à frente do prédio. Para acomodá-lo, o térreo teve de ser elevado para não só criar uma solução viável, como também evitar interferências no lençol freático abaixo da construção.
“Como essa área da universidade está muito próxima da área da raia olímpica, o lençol freático é muito alto”, explica Telles. “Originalmente, nós tínhamos concebido esse espaço como um estacionamento subterrâneo, mas isso logo se mostrou impraticável. Assim, nós resolvemos dedicar o térreo ao estacionamento e elevamos a entrada num complexo predial inteiro”, completa.
Nos andares superiores, a volumetria dos pavimentos foi adaptada conforme a necessidade. Espaços abertos, corredores amplos e áreas privativas coexistem, criando uma diversidade de ambientes. Nesses pavimentos, o destaque é das sacadas recuadas, originalmente concebidas para a composição da fachada. Elas são compartilhadas e acessadas por duas salas, fomentando, junto à estrutura laminar e às aberturas amplas, a ventilação cruzada no projeto.
Outro ponto importante citado por Telles é a composição da estrutura principal do complexo, de concreto e com pilares circulares. A estratégia, segundo ele, suaviza o diálogo com o ambiente e possibilita o fechamento das fachadas com caixilharia do chão ao teto, destacando a vista para a vegetação exuberante. O forro, no modelo colmeia, é interrompido em alguns poucos espaços para acomodar diferentes necessidades de cada ambiente.
Para áreas de lazer e convivência, os arquitetos apostaram em um espaço interno reservado e coberto por pergolados, no centro dos três blocos, e em um grande terraço, com apoio para eventos e atuando como um ponto de integração e confraternização.
A iluminação, por sua vez, foi projetada com base em concepções corporativas, oferecendo modulação para se adaptar aos diversos usos previstos para o espaço.
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