Casa Ita

Imersão disruptiva

Texto: Naíza Ximenes

Fugindo de um projeto residencial padrão e cercada por natureza, a Casa Ita, localizada em Itapeva, zona rural de Minas Gerais, é formada por dois pavilhões – um social e outro privativo. A morada foi projetada pelos escritórios Studio Zanskar e TAU Arquitetos para ocupar 502 metros quadrados de um terreno de 59 mil metros quadrados.

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Muito mais que uma habitação, a residência tinha a premissa de estimular a convivência com o ambiente externo, bem como criar uma experiência imersiva para os moradores e visitantes. O intuito era construir com uma abordagem discreta, preservando a integridade visual da zona rural e garantindo uma obra que transcendesse as fronteiras entre rústico e contemporâneo.

Assim, ao analisar as limitações da topografia local, a equipe de arquitetos apostou na construção de dois blocos estruturados em pórticos metálicos: um social e outro privado. Entre os pavilhões, há uma grande área externa avarandada que conecta os usos, destacando a piscina como elemento central.

 As esquadrias de vidro garantem não só integração total com a área externa, como também iluminação natural abundante no interior dos pavilhões 

A estrutura foi pensada para respeitar o declive natural do terreno, garantindo aproveitamento máximo da luz solar logo ao amanhecer e das vistas para o rio ao leste da casa. Além disso, a disposição também assegura maior privacidade em relação à rua superior e maior proteção do sol intenso em momentos de grande incidência. A cobertura inclinada acompanha essa dinâmica, criando volumes que se abrem para a paisagem com sutileza.

Contraste que encanta

O pavilhão social é o ponto de encontro da Casa Ita. Nele, ficam uma ampla sala de estar, outra de jantar, cozinha, área gourmet, lavabo e área de serviços. Todo o bloco é marcado por grandes esquadrias de vidro que integram área interna e externa, voltando o espaço social para a piscina.

Já o pavilhão íntimo, mais próximo à mata e ao rio, é um convite à introspecção, e tem duas suítes, uma sala de estar, jantar e cozinha. Ambos os pavilhões compartilham do mesmo sistema estrutural, definido por pórticos em estrutura metálica com beiral para os dois lados da construção. O pé-direito é de 4,0 metros na frente e de 2,3 metros nos fundos.

Equilibrando tradição e modernidade, o design é composto por elementos rústicos (como a pedra Moledo, que reveste as paredes tanto interna quanto externamente) e soluções contemporâneas (como a estrutura metálica preta e o forro de madeira ripada no teto de ambos os blocos).

Esse contraste na materialidade reforça a identidade rural do contexto, mas sem renunciar à sofisticação. A integração visual criada pelo vidro valoriza o entorno e permite que a paisagem seja protagonista, em harmonia com o conforto oferecido pela residência.

No espaço de lazer, o paisagismo ao redor da piscina complementa a vegetação nativa. A inclinação da cobertura e a altura diferenciada dos pavilhões maximizam o conforto térmico e a iluminação natural, criando espaços que são, ao mesmo tempo, funcionais e poéticos.

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