A boa sensação transmitida pelo Restaurante Cajuí é resultado de uma série de elementos cuidadosamente estudados e predefinidos. Assinado pelo VAGA, o projeto de 210 m² pode ser uma aula bastante proveitosa de branding aliado à arquitetura.
O nome é uma referência direta ao fruto da família do caju, nativo do cerrado brasileiro. O restaurante também adotou o pequeno pomo para levantar uma bandeira e alertar para o desmatamento crescente em um bioma rico e singular, que serve de inspiração para o cardápio e para a ambiência do estabelecimento.
De acordo com o escritório, esta relação arquitetura x natureza foi zelada durante todo o processo de criação e considerada em todas as decisões projetuais, dentro da proposta de se fazer “um restaurante vegano, com ingredientes 100% orgânicos e nacionais, fornecidos por pequenos produtores de diversas regiões do Brasil, inserido em um ambiente onde animais são bem-vindos, com abundância de iluminação natural e acessível a todas as pessoas”, nas palavras dos proprietários.
A interação entre cor, bastante presente no piso de cimento queimado com pigmentação vermelha, e luz – filtrada por telha translúcida e forro de juta orgânica – faz com que a incidência do sol sobre os materiais e tons empregados no espaço localizado na Vila Madalena, em São Paulo, aludam ao ambiente do cerrado brasileiro. Substancial e protagonista, o paisagismo assíduo em todos os ambientes, desde o exterior, vem para selar a identidade do projeto.
Os desafios de reforma eram muitos. Além de estar envolvido por estruturas provisórias precárias, o imóvel já era marcado pelo acentuado aclive no acesso, inúmeros patamares ascendentes até o fundo do lote e a escuridão de uma construção estreita majoritariamente coberta.
A partir de uma solução certeira, o espaço foi dividido em duas zonas por um volume baixo que abriga o banheiro PCD e o bar. As escadas foram concentradas em locais estratégicos para vencer as diferenças de altura e reduzir o número de níveis preexistentes, proporcionando uma circulação mais fluida e intuitiva. Pensando no primeiro passo para a acessibilidade, fez-se necessária a implantação de uma plataforma elevatória entre a calçada e o primeiro platô a fim de garantir ingresso democrático ao salão inferior, bar e sanitário.
Na lista de premissas, também estava a missão de evitar grandes reformas estruturais no imóvel, então, a opção foi concentrar as principais modificações nas novas estruturas auxiliares, fazendo com que uma estrutura de madeira anexa ao corpo fosse, simultaneamente, um abrigo responsável pela transmissão de luz natural e interação entre interior e exterior.
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