A dupla de arquitetos do escritório 1:1 arquitetura:design, Lilian Glayna e Eduardo Sáinz, desenvolveu o projeto arquitetônico da Casa Clara, em Brasília, que levou este nome justamente por ser inudada de luz natural. Com soluções funcional e formal claramente definidas, a morada de programa simples, porém integrado, exibe sua ousadia diante das aberturas de vidro e, sobretudo, das paredes de cobogó.
Implantada em um terreno inclinado de esquina, a residência surge, parcialmente, supensa. Ela foi erguida a partir do steel frame – um sistema construtivo moldado in-loco, composto por perfis de aço galvanizado. Leve e fácil de montar, a estrutura contribuiu para agilizar a execução da obra, que durou quatro meses.
Segundo Sáinz, os moradores pediram uma casa especialmente pequena, afinal, a família é formada apenas pelo casal e seu filho. Sendo assim, a morada foi distribuída em 123 m², comportando uma demanda de espaço básica e bem definida. Separados pelas paredes, os dois dormitórios e o banheiro ocupam a face sul da residência (área mais reservada), enquanto a ala social (sala de estar, jantar e cozinha) está integrada.
Nessa parte da Casa Clara, os ambientes distinguem-se pelo mobiliário, cujas peças foram desenhadas por grandes nomes do design brasileiro. As cadeiras são de Sergio Rodrigues, as poltronas de Zanine Caldas, o banco de Leo Romano, enquanto o sofá e as poltronas do Estúdio Bola. Aparador, estante e marcenarias são assinadas pelo estúdio Vírgula Zero. Além disso, o contraste entre os ambientes (armários de cozinha pintados na cor preta, mesa de jantar clara e madeira predominante no estar) define cada um desses espaços.
“A casa é uma lição de design interior, austero e brasileiro. Ar dos anos 70, linhas puras e diagonais, além de um perfume de madeira, são algumas das sensações que os visitantes experimentam ao entrar nela”, descreve Sáinz.
O design da Casa Clara foi estabelecido para oferecer conforto térmico, iluminação natural e ventilação cruzada. Essas premissas são garantidas, principalmente, pela presença de mais um elemento de origem nacional: o cobogó. Ele reveste a fachada oeste de uma ponta a outra, dando privacidade aos moradores e, ainda assim, permitindo a entrada de luz natural. Através de uma segunda pele de vidro, é possível controlar o fluxo de ar.
As aberturas da fachada leste também trazem essas vantagens à residência, com a diferença que, dali, os visitantes desfrutam de uma vista livre voltada para a cidade brasiliense. “Faces ora fechadas, ora abertas e também mistas, criam uma casa em sinergia com o contexto e com os moradores”, afirma Sáinz.
Nesse terreno de esquina, as fachadas leste e oeste estão direcionadas para a rua, portanto, vulneráveis em relação à privacidade. A solução do 1:1 arquitetura:design foi bloquear a vista dos transeuntes com paredes que avançam o limite do bloco principal. De um lado, a divisória foi fincada diretamente no solo; do outro, foi sustentada por perfil metálicos com base de concreto. Com uma sequência vertical de cobogós, essa estrutura ganha o efeito de um painel decorativo suspenso.
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