O número 91 da Avenida Paulista é ocupado por uma estrutura envidraçada que chama discretamente a atenção de quem transita por uma das regiões mais importantes da cidade de São Paulo. Projetado pelo escritório Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados, o Paulista Tower está localizado entre duas notáveis construções: o edifício tombado da Casa das Rosas e o retrofit da FecomercioSP – este segundo será, futuramente, uma unidade do SESC (Serviço Social do Comércio), também assinada pela dupla de arquitetos Jorge Königsberger e Gianfranco Vannucchi.
É uma vista permanente, que faz com que o usuário tenha um jardim a seus pés Gianfranco VannucchiO projeto arquitetônico é composto por um prisma de vidro sustentado por um volume sólido, que, por sua vez, ampara as varandas dispostas em lâminas paralelas ao conjunto. O visual cromático das placas metálicas escuras harmoniza com a cobertura de ardósia acinzentada da Casa das Rosas, remetendo ao estilo modernista da antiga arquitetura paulista.
O Edifício Paulicéia, executado em 1959 pelos arquitetos Jacques Pilon e Gian Carlo Gasperini, é um dos exemplos desse movimento arquitetônico do século 20. Gianfranco Vannucchi revela que o Paulicéia serviu de inspiração para a construção do Paulista Tower. “De certa forma, é uma homenagem que fizemos”, declara.
O terreno de 1.522 m² em que o prédio foi implantado apresenta condicionantes que definiram certas soluções conceituais, como a fachada lateral voltada para as áreas verdejantes do jardim externo da Casa das Rosas. “É uma vista permanente, que faz com que o usuário tenha um jardim a seus pés”, descreve o arquiteto.
O programa conta com salas comerciais – todas com cerca de 35 m² e uma pequena varanda –, 14 pavimentos e cinco subsolos. Parte dos conjuntos foi posicionada nas laterais para que as sacadas tivessem integração visual com o exterior.
No centro, ficam a área de circulação, as escadas e os elevadores, o que estabelece a acessibilidade aos funcionários e frequentadores. “Nas plantas dos edifícios, sempre buscamos flexibilidade, de modo a ligar os conjuntos da melhor forma possível”, exemplifica Vannucchi.
A visão das duas pontas do Paulista Tower compõe uma empena cega, criando um jogo interessante: quem o avista da Avenida Rebouças, no sentido Paraíso, tem a impressão de que os terraços estão balançando. À medida que os pedestres caminham, também conseguem ver pequenos detalhes se transformarem nas varandas, com suas faixas cromáticas.
“Eu gosto do resultado porque o edifício tem um astral bom. Não é uma caixa de vidro e não é o concreto aparente. Ele é bem agradável para quem está dentro e para quem está fora”, observa o arquiteto.
As proporções são boas. Acho que simulam a surpresa da pintura de um desenho, quando brincamos com lápis de cor Gianfranco VannucchiAs varandas do prédio possuem cerca de 1,80 m x 90 cm. A sensação de amplitude é dada pelas vigas que as ligam de um lado a outro, conduzindo uma leitura horizontal das estruturas em vez de assimilá-las à caixas.
Para Vannucchi, a maneira como as sacadas foram implantadas, por menor que sejam, colabora para o posicionamento do ar-condicionado. Dentro, há um confortável ambiente de descontração e relaxamento a uma temperatura amena, evitando que as pessoas fiquem expostas ao clima quente ou frio de São Paulo.
A estrutura do Paulista Tower é de concreto simples, com fechamento em composto de alumínio. Suas diversas cores revestem todo o edifício. Opaco com massa texturizada, o vidro reflexivo aplicado na fachada voltada para o lado do futuro SESC é a parte mais fechada do plano.
Sobre a coloração utilizada, os arquitetos explicam que não optaram por tons fortes, para não criar interferência com a palheta escura do telhado de zinco da Casa das Rosas. Este será o mesmo material utilizado na fachada do SESC. Assim, quando a obra vizinha for concluída, não parecerá parte do mesmo projeto.
O prédio ganhou, então, um toque neutro, com a cor branca voltada para o cinza claro e um suave cinza escuro envolvendo a sua estrutura. “As proporções são boas. Acho que simulam a surpresa da pintura de um desenho, quando brincamos com lápis de cor”, conclui o arquiteto Gianfranco Vannucchi.
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