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Casa Madalena

Casa Madalena
Para reduzir custos, a proposta do Grupo Garoa usa a criatividade no reaproveitamento de materiais e preserva parte da estrutura em reforma de residência em São Paulo Foto/Imagem:Pedro Napolitano Prata

Sem desperdícios

Em muitos casos, o orçamento enxuto pode inviabilizar algumas ideias. Outra vezes, essa aparente barreira transforma-se em um trampolim para soluções criativas. Exemplo disso é a reforma da Casa Madalena, concebida pelo Grupo Garoa. Para reduzir custos e, ao mesmo tempo, minimizar o impacto ambiental do projeto, os arquitetos exploraram o máximo dos recursos disponíveis em duas construções: o antigo imóvel da cliente – que foi vendido para uma construtora e seria demolido – e a casa que ela adquiriu depois, erguida na década de 50, onde o novo projeto seria executado.

Para contar a história da Casa Madalena, é preciso citar a trajetória da própria moradora. Há cerca de 25 anos residindo no bairro da Vila Madalena, zona Oeste de São Paulo (SP), ela decidiu vender o antigo imóvel assim que os filhos saíssem de casa. Seu novo lar estava próximo dali, mais precisamente na rua de trás – um sobrado velho com terreno triangular de 180 m² e topografia ascendente.

De acordo com o arquiteto Pedro De Bona, a equipe encontrou uma estrutura precária e instalações elétricas e hidráulicas completamente comprometidas. “Além disso, os ambientes eram muito compactos e dispunham de pouca iluminação”, descreve.

Dois volumes

O escritório estudou três possibilidades de projeto para a Casa Madalena. A primeira consistia em manter o máximo possível da edificação existente, feita de alvenaria estrutural em tijolo cerâmico assentado com barro. A segunda opção seria dividir a residência em dois volumes principais, aproveitando parcialmente a estrutura da casa construída na década de 1950. Por fim, a terceira opção era demolir 100% da casa, organizando o projeto como um único bloco, com ambientes amplos e semiunificados.

As vigas da antiga casa sustentam o mezaninoFoto: Pedro Napolitano Prata

“Por conta da estrutura que se faz como um todo, o primeiro caso dificultava muito a intervenção. Executar uma obra do zero esbarrava no baixo orçamento. Então, optamos pelo meio termo”, explica Bona, detalhando em números: “Demolimos 3/4 da construção pré-existente, reconstruímos essa fração e reformamos o 1/4 a ser mantido”.

Além do bloco feito de alvenaria autoportante de tijolos cerâmicos, à frente do lote, a antiga edificação era composta por mais um volume (aos fundos) de 3 m x 7 m, que funcionava como um anexo. Em dois níveis, ele foi construído a partir de um sistema mais moderno: pilares e vigas de concreto armado e alvenaria de fechamento independentes da estrutura. “Isso possibilitou a manutenção dessa construção, pois oferecia mais segurança e flexibilidade para absorver as intervenções necessárias às novas demandas do projeto”, expõe Bona. Nesse local, o pavimento superior abriga quarto e banheiro; o inferior acomoda sala íntima e lavanderia.

Acompanhando a lógica do volume remanescente – que ocupa transversalmente o terreno e o divide – o novo volume edificado segue vedado por paredes de blocos de concreto nas laterais, enquanto as partes frontais e dos fundos recebem os tijolos maciços provenientes da construção anterior. Esses elementos são, ainda, costurados com tijolos novos (mais escuros e achatados) que criam um efeito de contraste na fachada.

Dessa maneira, os dois blocos são permeados por três pátios (frontal, intermediário e posterior), de modo que uma pequena passagem – em dois níveis com vista para o jardim central – faz a conexão entre as edificações. “A nova casa é um intercalado de vazios e cheios, pátios e volumes construídos, que mesclam natureza e artificial, casa e cidade”, sintetiza Bona.

Economia e reuso de materiais

Uma característica marcante da Casa Madalena são as aberturas. Utilizando grandes planos de vidro estruturados por madeira, elas formam diferentes componentes, como portas, janelas de correr, basculares e pivotantes.

Casa Madalena - Sem desperdícios
A casa possui dois volumes: o primeiro (à frente do lote) é uma edificação construída após a demolição de parte do imóvel que existia no lote; o segundo volume, aos fundos, é a parte da estrutura original de concreto armado, que foi preservada e reformadaFoto: Pedro Napolitano Prata

Um dos aspectos mais interessantes é o recorte aleatório de cada abertura. Para alcançar esse resultado, Bona revela que adotaram uma solução economicamente viável, baseada no reaproveitamento do vidro. O escolhido para o projeto foi o temperado, muito mais resistente que o comum. No entanto, os arquitetos aproveitaram uma singularidade do processo de beneficiamento do material: após a têmpera, o vidro não pode mais ser refilado (cortado). Por isso, as peças são feitas sob medida e suas sobras são descartadas ou vendidas por um valor mais baixo. Após adquiri-las, o escritório encomendou as esquadrias de madeira no tamanho exato de cada vidro. “Essa técnica gerou um desenho de composição aleatória e flexível na divisão de vãos, assim como na escolha de tamanhos e tipos de aberturas, com ótimo custo benefício como produto”, salienta.

Mais que estética, os vãos ainda contribuem para a entrada de luz natural, de tal forma que dispensa completamente a iluminação artificial durante o dia e, consequentemente, reduz o uso de energia elétrica.

Outros materiais foram reaproveitados – dessa vez, da antiga residência, onde a cliente morou com os filhos. Além dos tijolos, as vigas que sustentam o mezanino e a madeira de demolição também entram nessa lista. Por isso Bona diz que “algo da materialidade do antigo continua no novo”.

Na decoração, o mobiliário e os equipamentos são simplesmente o que a moradora já possuía, fruto do seu gosto artístico particular por peças autênticas. Dessa maneira, a construção e os pertences pessoais se encaixaram, criando um diálogo harmônico, uma vez que ambos são consequência dos processos afinados com a personalidade e identidade da mesma pessoa – a cliente”, conclui Bona.

Escritório



Local: SP, Brasil
Início do projeto: 2014
Conclusão da obra: 2014
Área do terreno: 190
Área construída: 180

Tipo de obra:
Residência
Tipologia:
Residencial

Materiais predominantes:

Diferenciais técnicos:

Slideshow Desenhos e plantas

Ficha Técnica

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