É quase impossível passar pelo quarteirão da Avenida Paulista com a Rua Haddock Lobo, em São Paulo, e não parar para contemplar o novo Ginásio do Colégio São Luís, majestosamente erguido sobre a estrutura metálica. Através das grandes aberturas, o projeto arquitetônico propicia uma nova forma de interação entre a cidade e os estudantes, que a partir de agora tirarão proveito de um complexo multiuso, com infraestrutura para realização de eventos esportivos e outros espetáculos, devido à arquibancada retrátil.
Para alcançar tal resultado, os arquitetos Alexandre Liba e Alberto Barbour, do escritório URDI Arquitetura, passaram 12 anos desenvolvendo um plano diretor, que englobava a revitalização de todo o programa do colégio, cujo prédio existia desde os anos 40.
A partir da demolição da edificação original, restaurantes, cantinas, salas de aula, laboratórios e, claro, o ginásio foram modernizados com a premissa de aproveitar os mais de 5 mil m² do terreno – que ocupa quase um quarteirão inteiro –, além de alinhar a escola ao próprio conceito pedagógico.
“A construção como um todo sofria com a ausência de áreas verdes. Nós brincávamos que o antigo Ginásio do Colégio São Luís parecia um bunker, pois era completamente fechado, sem literalmente nenhuma janela”, comentam Liba e Barbour em relação a algumas demandas que o novo projeto precisava atender.
Além disso, para acolher os 3 mil alunos, que permanecem em tempo integral no colégio, era preciso configurar locais apropriados para a realização de diversas atividades, entre as quais aulas de educação física e eventos, como festas juninas. Sobretudo, os ambientes deveriam estabelecer a conexão visual das crianças com o entorno, fundamental para definição do projeto.
A construção como um todo sofria com a ausência de áreas verdes. Nós brincávamos que o antigo Ginásio do Colégio São Luís parecia um bunker, pois era completamente fechado, sem literalmente nenhuma janela Alexandre Liba e Alberto BarbourÉ dessa maneira que as duas quadras do Ginásio do Colégio São Luís – interna e externa – foram concebidas, funcionando como um complexo não apenas esportivo, mas social, onde os estudantes convivem entre si e com o mundo lá fora.
Um dos diferencias do projeto arquitetônico do Ginásio do Colégio São Luís é a arquibancada retrátil, instalada na quadra coberta. Quando ela é recolhida, ganha-se mais uma quadra e, ao mesmo tempo, um espaço para outros tipos de reuniões.
Com uma varanda cênica e grandes refletores, a estrutura é semelhante a um palco de teatro devidamente equipado. “Além das mesas de controle de som e luz e das caixas de som, há um sistema feito com Box, no qual caem cortinas blackout em volta da quadra, dependendo do seu uso no momento. Como o final dela é um tubo, você consegue amarrá-las e controlar a entrada de luz”, detalha Alexandre Liba.
Segundo Alberto Barbour, a arquibancada é ainda mais importante nos dias de eventos, já que outras escolas visitam o Colégio São Luis para participar dos campeonatos. “A escola atrai o público e justifica o uso da estrutura”, complementa.
Acima da quadra interna, encontra-se um campo de futebol a 20 metros do chão, inesperadamente envolvido pela paisagem paulistana.
Em relação à piscina – também coberta – os arquitetos optaram pela retirada de um muro que a separava da Rua Haddock Lobo. Sem essa compartimentação, característica do antigo prédio, o olhar das crianças se volta para a rua. “Ela é um equipamento esportivo, mas sobretudo, um espaço de convívio, que se liga diretamente à cantina”, conta Barbour, ressaltando que o projeto do novo Ginásio do Colégio São Luís deveria marcar e reconstruir a memória escolar dos alunos.
Grande parte dos edifícios da agitada Avenida Paulista foi feita de concreto, então, à primeira vista, a opção seria manter o estilo. Porém, devido a questões logísticas, como restrições de acesso de caminhão, e à possiblidade de montagem no próprio local, a estrutura metálica foi escolhida, o que contribuiu também para reduzir o tempo de construção do ginásio.
“A estrutura foi fundamental para a obra. Nós tiramos partido disso como linguagem, deixando a construção esteticamente leve, com conforto térmico, acústico e energético, o que foi alcançado em conjunto com o vidro”, explica Liba, mencionando um outro importante material.
Essa troca de ar é constante e permanente, em função desses elementos e das árvores, mas também devido ao filtro de radiação que esse tipo de vidro oferece Alberto BarbourPor apresentar especificações térmicas, o vidro Low-E foi desenvolvido para o Ginásio do Colégio São Luís através de um estudo de insolação, que determinou a ventilação cruzada ao empregar chapas metálicas perfuradas de um lado e brises do outro. “Essa troca de ar é constante e permanente, em função desses elementos e das árvores, mas também devido ao filtro de radiação que esse tipo de vidro oferece”, conta Barbour.
O vidro Low-E também possui propriedades que asseguram o conforto acústico do projeto, assunto importantíssimo quando se trata de uma edificação adepta aos eventos esportivos, apresentações teatrais e musicais. Com a aplicação desse material, elimina-se um efeito comum dentro de ginásios que é reverberação do som, e isola-se o prédio em si. “Fizemos um ‘corredor polonês’, com tratamento de juntas de vidro e outros tratamentos de absorção, então o máximo que se escuta são as crianças jogando bola lá em cima”, comenta Barbour.
Segundo o arquiteto, a forma do prédio é alimentada pelo material e pelo sistema construtivo que foram definidos.
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