Quando o escritório ATRIA foi chamado para projetar a nova sede da agência de publicidade Giacometti +, os arquitetos se preocuparam em resolver dois pontos: atender às demandas funcionais do ambiente colaborativo e, ao mesmo tempo, preservar a veia artística da empresa. Era preciso, portanto, criar um projeto arquitetônico prático e nada convencional, que realçasse a identidade da marca.
A principal solução encontrada é definida pelos arquitetos como “artéria criativa”: o corredor de acesso principal distribui os fluxos e oferece um caminho inusitado aos visitantes. Dispostos ortogonalmente, os panos de vidro coloridos – que configuram as áreas de administração – ensejam um passeio em ziguezague. Além disso, foi inserido um volume na cor preta, cujas paredes inclinadas tornam o espaço de circulação ainda menos monótono.
Segundo Gustavo Costa e Gabriela Muller, arquitetos e sócios do ATRIA, o envolvimento dos clientes durante a concepção do projeto foi fundamental. “Inclusive, o diretor de arte da agência participou ativamente do processo criativo, bem como da escolha de cores e dos materiais de revestimento”, revelam Costa e Muller complementando: “Eles já tinham em mente o que queriam e como o espaço deveria ser utilizado, então isso foi um facilitador para nós”.
Com 600 m², a nova casa da agência de publicidade está localizada em um edifício comercial em Brasília/DF, construído na década de 1980. Antes da apropriação da Giacometti +, o andar apresentava certa segmentação nas salas, apesar da planta livre. Por outro lado, a subdivisão dos ambientes não tinha relação estrutural com o prédio, o que levou à demolição de todas as paredes e, consequentemente, deu liberdade para os arquitetos distribuírem as áreas de acordo com a proposta de open space. A ideia foi, então, minimizar os espaços de circulação, dispondo pequenas ilhas para separar a parte da criação e operação das áreas de administração, financeiro e diretoria, sem causar segmentação. No centro dessa planta baixa, foram posicionadas as três salas de reunião, dentro do elemento de cor preta.
Conforme contam os arquitetos, o grande desafio do projeto Giacometti + foi arranjar uma maneira de atingir todas as salas sem a disposição de um grande corredor. Geralmente, esse espaço se organiza em linha reta, com um único ponto de fuga. Muller afirma que o objetivo era quebrar esse padrão, para proporcionar uma experiência estética diferenciada às pessoas e mudar a maneira como elas percorrem os corredores.
Por isso, a área de circulação foi tratada como uma grande artéria, que distribui os fluxos, preserva as diferentes funções dos departamentos da empresa sem, no entanto, segregá-los. O caminho é feito em ziguezague graças aos vidros que são dispostos ortogonalmente em frente a algumas salas, criando pequenas praças de convivência.
Além disso, as peles envidraçadas ganham diferentes tonalidades e texturas em função das películas impressas e coladas sobre elas. “Essas camadas podem ser trocadas, incorporando, assim, novas formas de expressão artística da própria empresa”, comenta Muller. Com a inclinação de algumas paredes – sobretudo o volume que define as salas de reunião –, intensifica-se a sensação de um lugar menos monótono; de trânsito interessante.
“Essas soluções evitam a apropriação visual de uma só vez. O fato de os planos serem inclinados cria um ponto de percepção espacial extremamente insólito”, expõe Costa. “Subvertemos a característica ortogonal de planos verticais e horizontais de um espaço comum”, definem os arquitetos.
De acordo com Costa, o escritório trabalhou junto com a área de criação da Giacometti +, sobretudo, na identificação das cores. Os profissionais da agência revelavam o que mais se aproximava da identidade corporativa da empresa. “Isso foi interessante, porque a companhia vinha passando por uma revisão da marca, então houve uma criteriosa curadoria das duas partes”, ressalta.
Do ponto de vista de materiais, o projeto atinge um viés intelectual, que abre mão da ostentação e valoriza elementos de alto valor agregado. Então, basicamente, adotou-se o uso de um matiz de cor de degradê sobre os vidros, além da madeira, revestindo alguns volumes que surgem nos corredores. “São materiais que não têm grande nobreza, mas que são acessíveis e adequados ao caráter dos clientes”, expõe Costa.
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