Amparo à população
Texto: Thais Matuzaki
Vigía del Fuerte é uma cidade colombiana banhada pelo rio Atrato. Este poderia ser um ponto vantajoso, se não fossem as enchentes que inundam as comunidades por longos meses. Durante esse período, as estradas desaparecem e as pessoas conseguem locomover-se apenas por meio de barcos. Por conta do isolamento, a região é afetada por muitos problemas, como a violência e a proliferação de doenças. Inserida nesse contexto está a Instituição Educativa Embera Atrato Medio, projetada pelo Plan:b Arquitectos como uma forma de suprir algumas das necessidades da população, entre elas o deslocamento para os municípios vizinhos à procura de educação.
O novo prédio escolar foi instalado no lado norte da cidade, próximo à floresta tropical. Localizado numa malha urbana ortogonal e alongada, o edifício ocupa, praticamente, toda a área útil do lote em um único nível.
No telhado, há telhas de metal termoacústico translúcidas e opacasFoto: Julian Castro
Conforme a descrição do escritório, a Instituição Educativa Embera Atrato Medio é concebida como uma rua coberta e flexível que pode ser utilizada e transpassada de um lado para outro através de um grande pátio. Articulado pelas passarelas elevadas de concreto, esse espaço encontra-se no centro da planta, de modo que suas laterais são, paralelamente, ocupadas por salões, quartos, banheiros, escritórios e áreas de serviços. Uma arquitetura permeável em termos de uso e materiais, compatíveis ao clima e ao contexto rural, eram algumas das exigências do cliente.
Estrutura palafítica
A baixa resistência do solo exigia uma construção extremamente leve. Ao mesmo tempo, ela deveria estar elevada do chão, para evitar o contato com a água das enchentes. Pensando nesses pontos, os arquietos criaram uma estrutura palafítica feita de colunas e lajes de piso de concreto, que segue sustentada por 50 micro-pilotis com profundidade média de 15 metros. Dessa forma, a sequência de apoios distribui o peso do material.
A Instituição Educativa Embera Atrato Medio é levantada utilizando uma estrutura de metal, leve e resisistente à umidade, típica do clima tropical úmido da Colômbia. Para as paredes, os arquitetos evitaram o uso de madeira nativa – pois são espécies ameaçadas de extinção – e optaram pela madeira dos pinheiros cultivados em áreas próximas à capital Medelín. De acordo com o escritório, o material foi transportado de barco para o local da obra.
No telhado, há uma alternância de telhas de metal termoacústico translúcidas e opacas, que dão claridade à escola. Com formato simétrico, os elementos marcam o programa do projeto, além de embelezá-lo.