Bumbu Restaurante

Sincretismo arquitetônico

Texto: Gabrielle Victoriano

Fernando Carmona Poles, autor do projeto do Bumbu Restaurante, apostou no sincretismo cultural para sedimentar a identidade da marca. Próximo à rodovia Raposo Tavares, em Sorocaba, São Paulo, o espaço com 400 m² mistura o tempero asiático ao brasileiro, em uma edificação repleta de traços orientais e ocidentais. “A construção foi embasada em pesquisas e análises da arquitetura asiática mesclada às singularidades brasileiras, mas sem abdicar da proposta original, de ter um estabelecimento com a concepção de um restaurante internacional”, conta o arquiteto do escritório F: Poles – Arquitetos Associados.

A construção foi embasada em pesquisas e análises da arquitetura asiática mesclada às singularidades brasileiras Fernando Carmona Poles

Encontrar a medida e o tempero ideal ao incorporar essas duas culturas foi o maior desafio para Fernando Poles. Ele explica que era preciso trabalhar a temática com originalidade, elegância e funcionalidade. “Definimos o operacional do estabelecimento lado a lado com o programa e a imagem da marca e, de acordo com a evolução da obra, fomos desenvolvendo os detalhes”.

Ambientes interno e externo

Desde a fachada do novo restaurante, com capacidade para atender 200 pessoas, fica clara a divisão entre a área interna e a externa, integrada à rua. “Trata-se de uma descontraída varanda, com clima de bar. No interior, o salão do sushi bar, com DJ, oferece um ambiente mais intimista e reservado, com mobiliário importado da ilha de Bali, na Indonésia”, relata Fernando. Parte da marcenaria tem projeto e execução local.

A intenção era proporcionar máximo conforto à clientela. Neste quesito, tão importante quanto os móveis diferenciados é o espaço generoso entre as mesas. “Assim, os clientes têm mais privacidade, melhor circulação e menor agrupamento de pessoas. O conforto é estendido aos funcionários que acabam tendo mais liberdade para se locomover e trabalhar com segurança”.

Outro diferencial no layout do projeto está nos banheiros. O arquiteto Fernando Poles criou cabines individuais voltadas para uma área comum, mas com o cuidado necessário para não comprometer a privacidade. “A iniciativa imprimiu personalidade ao projeto”, opina.

Design e materiais rústicos

No bar, o teto foi rebaixado com a criação de um pergolado. A solução serviu para diferenciar esse espaço dos demais e trazer aconchego Foto: Elson Yabiku

A construção tradicional com estrutura em concreto armado tem fechamentos em blocos cerâmicos. A decoração rústica em tonalidades terrosas, como camurça, marrom e laranja, aguça as sensações. Unidos, tijolos aparentes, madeira e aço corten foram usados em seu estado bruto, proporcionando uma experiência sensorial e visual aos frequentadores.

Como uma das premissas do projeto era inserir esse aspecto cultural com delicadeza e muito cuidado, a composição dos elementos precisou ser feita sem excessos, de maneira leve e harmoniosa, em combinação com a linguagem do restaurante. Aconchegantes e convidativos os espaços foram realçados pela iluminação equilibrada, que deixa os ambientes mais confortáveis. Segundo Fernando, o projeto de iluminação também ajuda a compor a temática adotada com personalidade.

Pé-direito disfarçado

Habitualmente o pé-direito alto é sempre bem-vindo. Ele contribui para evidenciar a sensação de amplitude e conforto dos espaços. “No Bumbu Restaurante abrimos mão desse recurso apenas no balcão do bar. Para diminuir a altura desta área a solução foi projetar um pergolado. O recurso criou um ambiente mais intimista”, justifica o arquiteto.